quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Conto literário - Se eu fosse esqueleto (Ricardo Azevedo)



O que é um conto?

O conto é um texto narrativo do gênero literário. Ele tem o foco em um fato ou um determinado acontecimento, geralmente é uma ficção, ou seja, é uma história inventada. Os contos são fantasiosos, histórias de faz-de-conta que são, geralmente, contadas para as crianças.
O conto possui um narrador, que é quem conta a história e um enredo, ou seja, a história é dividida em começo, meio e fim.

Existem vários tipos de contos: contos de fadas, contos maravilhosos, contos de ficção cientítica, contos de terror, contos fantásticos, etc.

Características do conto

A principal característica de um conto é o seu tamanho, pois o conto é um texto pequeno, menor que um romance. Porém, mesmo sendo pequeno, ele possui um enredo completo, e até um clímax, que é o momento mais importante da história. No conto a quantidade de personagens é pequena, por isso que é fácil memorizá-lo.
Temos no conto a introdução ou apresentação, o desenvolvimento ou complicação, o clímax e a conclusão ou desfecho.



SE EU FOSSE ESQUELETO
 Se eu fosse esqueleto não ia poder tomar água nem suco porque ia vazar tudo e molhar a casa inteira. 
Tirando isso, ia acordar e pular da cama feliz como um passarinho. 
É que ser uma caveira de verdade deve ser muito divertido. 
Por exemplo. Faz de conta que um banco está sendo assaltado. Aqueles bandidões nojentões, mauzões, armados até os dentões, berrando: 
 Na moral! Cadê a grana? 
Se eu fosse esqueleto, entrava no banco e gritava: bu! 
Bastaria um simples bu e aquela bandidagem ia cair dura no chão, com as calças molhadas de úmido pavor. 
O gerente e os clientes do banco iam agradecer e até me abraçar, só um pouco, mas tenho certeza de que iam. 
Se eu fosse caveira, de repente vai ver que eu ia ser considerado um grande herói. 
Fora isso, um esqueleto perambulando na rua em plena luz do dia causaria uma baita confusão. O povo correndo sem saber para onde, sirenes gemendo, gente que nunca rezou rezando, o Exército batendo em retirada, aquele mundaréu desesperado e eu lá, todo contente, assobiando na calçada. 
Um repórter de TV, segurando o microfone, até podia chegar para me entrevistar: 
 Quem é você? 
E eu: 
 Sou um esqueleto. 
E o repórter: 
 O senhor fugiu do cemitério? 
Aí eu fingia que era surdo: 
  Ser mistério? 
E o repórter, de novo, mais alto: 
 O senhor fugiu do cemitério? 
 Assumiu no magistério? 
 Cemitério! 
 Fala sério? Quem? 
Aí o repórter perdia a paciência: 
 O senhor é surdo? 
E eu: 
 Claro que sou! Não está vendo que não tenho nem orelha? 
Se eu fosse esqueleto talvez me levassem para a aula de Biologia de alguma escola. Já imagino eu lá parado e o professor tentando me explicar osso por osso, dente por dente, dizendo que os esqueletos são uma espécie de estrutura que segura nossas carnes, órgãos, nervos e músculos.
Fico pensando nas perguntas e nos comentários dos alunos: 
 Como ele se chamava? 
  É macho ou fêmea? 
 Quantos anos ele tem? 
  Tem ou tinha? 
 Magrinho, não? 
 O cara sabia ler ou era analfabeto? 
  E a família dele? 
 Era rico ou pobre? 
 O coitado está rindo de quê? 
E ainda: 
 Professor, ele era careca? 
Enquanto isso, eu lá, no meio da aula, com aquela cara de caveira, sem falar nada para não assustar os alunos e matar o professor do coração. 
Uma coisa é certa. Deve ser muito bom ser esqueleto quando chega o Carnaval. Aí a gente nem precisa se fantasiar. Pode sair de casa numa boa, cair no samba, virar folião e seguir pela rua dançando, brincando e sacudindo os ossos. Parece mentira, mas, no Carnaval, porque é tudo brincadeira, a gente sempre acaba sendo do jeito que a gente é de verdade. 
Se eu fosse esqueleto, quando chegasse o Carnaval, ia sair cantando: 
Quando eu morrer
Não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela 
Todo mundo sabe que o maior amigo do homem é o cachorro. 
O que a maioria infelizmente desconhece e a ciência moderna esqueceu de pesquisar é que o pior inimigo do esqueleto late, morde, abana o rabo, carrega pulgas e aprecia fazer xixi no poste.
E se eu fosse esqueleto e por acaso um vira-lata me visse na rua, corresse atrás de mim e fugisse com algum osso dos meus?

(Ricardo Azevedo)


Atividades de leitura e interpretação do conto “Se eu fosse esqueleto”

1Qual a ideia central do conto?
Refletir sobre as inúmeras ações que o personagem-narrador desfrutaria se fosse um esqueleto.
2) Quem é o autor do texto?
Ricardo Azevedo
3) A que tipo de público você imagina que “Se eu Fosse Esqueleto” se dirige?
A todo tipo de público.
4)  Qual o objetivo deste conto?
Possivelmente divertir ou entreter o leitor.
6) De acordo com o narrador, por que “ser uma caveira de verdade deve ser muito divertido”?
Porque ele poderia assustar as pessoas, poderia dar entrevistas e fingir-se de surdo ou ainda ser objeto de estudo em uma aula de Biologia.
7) Segundo o narrador do texto, quem é o pior inimigo do esqueleto? Explique.
O cachorro é o pior inimigo do esqueleto porque gosta de ossos.
8) De acordo com o narrador do texto, o que o pior inimigo do esqueleto faz?
O cachorro correria atrás dele e fugiria com um de seus ossos.
9) Se você não fosse gente, o que gostaria de ser? Comente.
Resposta pessoal.
10) Por que o narrador-personagem afirma que se ele fosse um esqueleto não poderia tomar água e nem suco?
Porque ia vazar tudo e molhar a casa inteira. 
Prática de Escrita

11) Reescreva o conto se colocando no lugar do esqueleto. Pense em outras coisas divertidas que você poderia fazer se fosse um esqueleto.

Andreia Cristina da Silva. Bolsista Subprojeto PIBID - Curso de Licenciatura em Pedagogia - Universidade Estadual de Goiás (UEG) Câmpus Quirinópolis, Goiás. Fonte: Diário de Campo, 2014 a 2017. PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - CAPES - Brasil.
Coordenadora de Área: Andreia Cristina da Silva.





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