A raposa zoolímpica na corrida de obstáculos
A raposa adquiriu velocidade correndo de dono de galinheiros no país onde ela roubava galinhas e se apresentou para a corrida de obstáculos de 100 metros dos Jogos Olímpicos.
Tinham competidores do mundo inteiro. Fuinhas, cutias, potros, cangurus, dromedários e até um tamanduá.
– Onde eu tenho de correr? – perguntou.
– Ora, raposa, você não está vendo a pista de corrida? – disse-lhe o juiz.
– Se é essa a pista, por que esses cavaletes estão aí, atravancando o caminho?
– Raposa, isso é uma corrida de obstáculos. Corrida de obstáculos sem obstáculos deixa de ser corrida de obstáculos.
– Mas eu quero corrida de obstáculos sem obstáculos. Eles só servem para atrapalhar a corrida.
O juiz deu um suspiro:
– Os 100 metros com barreiras são provas de velocidade, raposa. Entende?.
– E os obstáculos?
– Os obstáculos podem ser e quase sempre são derrubados. Sua função é apenas atrapalhar a corrida dos atletas. As barreiras são colocadas de dez em dez metros, pesam uns quatro quilos cada e têm quase um metro de altura.
Dessa vez foi a raposa que deu um suspiro:
– É corrida de velocidade. Ganha quem é mais veloz. E para que não sejam velozes, vocês atrapalham os atletas, colocando barreiras no caminho. Isso é injusto. Quero participar de corrida de obstáculo sem obstáculos.
A raposa zoolímpica teve de ser retirada a força da pista de atletismo para que a corrida de obstáculos pudesse começar.
(Sérgio Capparelli)